MÃE É MÃE



Como numa velha rotina retratada no ir e vir das estações e das marés, no cair das folhas outonais, no brotar da vida que ressurge, no reciclo permanente da natureza, uma vez mais estamos a projetar nossos pensares para a elevada figura materna.
Mãe é mãe, já dizia o sábio popular. É assim, sem rima alguma, que ela aparece, solidária e solitária, cumprindo seu angelical dever. Da estrebaria ao Calvário, jamais abandonou seus filhos, mesmo à revelia do pai ausente. Mãe protege. Mãe consola. Mãe tempera coragem com determinação.

Há anos, no desenrolar da 2ª Guerra Mundial, conta-se a história de uma mãe que, acompanhada de uma amiga mais jovem, foi despedir-se de seu filho na velha estação ferroviária. Ele partia para o front. Nos dias seguintes, sob implacável crise nervosa, aquela mãe era confortada pela jovem amiga que, por solidariedade, passou a dormir com ela, vestida com o pijama do filho soldado.

Passado um mês, a mulher tem um abrupto ataque de histeria e começa a clamar pelo seu filho. Uma semana depois, chega uma viatura militar, com a informação de que seu filho tinha caído no campo da batalha. Verificado o horário do óbito, coincidia com o da crise histérica da mãe.

A força descomunal dessa mulher transpôs uma distância enorme, só explicável através da parapsicologia e – principalmente – das Sagradas Escrituras. Está lá, nas entranhas do Livro de Isaías[1], a referência do ato de consolar como uma das principais características de Deus e da mãe. Igualmente, no Livro de Mateus[2], Deus manifesta seu desejo de albergar os filhos de Jerusalém de igual forma que toda mãe protege seus filhos debaixo das asas. Mãe é fortaleza.
Mãe protege. Mãe consola.

Hoje, mercê da indiferença do mundo globalizado, estamos sós na multidão e ela sempre foi nosso porto seguro. Devemos, portanto, emprestar nosso respeito a essa plêiade de mulheres especiais, fazendo algo diferente. Um afago, um sussurro no ouvido, um pequeno cochilo com a cabeça recostada em seu colo, um passeio silencioso pelo parque, de mãos dadas, um sorriso descompromissado, uma pausa sincera para ouvir pequenos lamentos de dores físicas ou de ressentimentos pretéritos, um tempo para ouvir recordações de fatos exaustivamente já repetidos em outras ocasiões.

E, assim, esta reflexão servirá para a tomada de novas atitudes por parte daqueles que, ainda, podem ouvir um doce conselho materno, pois são elas que detêm a sabedoria. Tolo é aquele que não as ouve. Deus está com elas. Fica aqui, pois, nossa reverência a todas mães, brancas, pretas, ricas, pobres, biológicas, de adoção, amas-secas, madrinhas, babás e, enfim, mulheres que fizeram de seu colo o abrigo de todos nós.

[Hosny Silva]

[1] Isaías, 66:13 – “Como alguém a quem consola sua mãe, assim eu vos consolarei: e em Jerusalém vós sereis consolados.”
[2] Mateus, 23:37 – “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes quis eu reunir os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e vós não o quisestes!”

Um comentário:

  1. Belíssima mensagem! Vou colocá-la no meu blog também com a devida referência. abraços, Pra. Luciana

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