O Mal da Fofoca

Fofoca - Maledicência
Maledicência - [Do lat. tard. maledicentia, por via erudita.]S. f. 1. Qualidade de maldizente. 2. Ação de maldizente; detração, difamação, murmuração, ladrado, maldizer.

"A língua de alguns homens morde mais do que seus dentes” (C.H. Spurgeon).

Tiago nos ensina que para alguém ser verdadeiro religioso precisa saber dominar a língua, do contrário "A religião desse é vã" (1:26).
Quero neste artigo compartilhar algo que tenho aprendido com o Joseph Stowell e que poderá nos auxiliar em muito sobre os mitos, razões, prejuízos e cura para a maledicência.

I. Os Mitos da maledicência.
Conhecer os mitos vai nos ajudar a vencer nossa tendência à maledicência e a não nos envolver em mexericos. Vamos aos mitos:

1) Maledicência é coisa de mulheres.
Nada mais longe da verdade. Em nenhum lugar das Escrituras encontramos que a fofoca é exclusividade feminina. Stowell diz que a única diferença é que os homens chamam-na de “conversa fiada”, “bate papo” ou ainda, “resolver um assunto”.

2) O segundo mito é que se a informação é verdadeira podemos passá-la adiante. A questão não é se é verdadeira, mas se edifica. À luz de Ef. 4:29 somos ensinados de que não deve “sair da nossa boca nenhuma palavra torpe, e sim, unicamente a que for boa para a edificação, e assim, transmita graça aos que a ouvem”.

3) Um terceiro mito – “Este problema precisa de muita oração”. A fofoca vem muitas vezes vestida em uma roupa de “espiritualidade”. Atrás da frase “vou lhe contar isso, mas é apenas para você orar a respeito”, muitas vezes é apenas uma desculpa para satisfazer um espírito maledicente.

4) Um quarto e último mito é que “as pessoas às quais eu conto nunca vão levar adiante”. Isto não é verdade. Elas disseram que não contariam para mais ninguém, tanto quanto você. E lembre-se de que “quem contar fofocas para você fofocará de você”

II. As razões da maledicência
Com alguma mudança, quero apresentar os mecanismos que segundo Joseph Stowell, alimentam a maledicência:

1) Curiosidade: Há uma curiosidade natural no ser humano por novidades, e nem sempre esta curiosidade é boa e construtiva. Por vezes, ela é ávida para descobrir e espalhar informações que prejudicam a imagem de outras pessoas. Will Rogers ironizou dizendo que “as pessoas só não gostam de fofocas quando são a respeito delas mesmas”

2) Ociosidade: Pessoas com tempo de sobra têm tendência de se envolver em conversas que não edificam. Em I Tm 5:13 o apóstolo Paulo fala de algumas mulheres que andavam de “casa em casa sendo tagarelas e intrigantes falando o que não devem”. Pessoas desocupadas e que não têm o que fazer facilmente se tornam maledicentes.

3) Inveja. O historiador Will Durant disse que “falar mal dos outros é uma maneira desonesta de nos elogiarmos”.

4) Amargura. (Pv 10:12; 30:33; Hb. 12:15). Um mexerico é um meio usado como válvula de escape natural de um espírito ferido. A ausência de perdão abre a porta para um espírito vingativo, e a maneira mais fácil e rápida para “matarmos” alguém é destruindo sua imagem perante outras pessoas. Como já disse Spurgeon, “ter uma língua é como ter dinamite entre os dentes”

5) Medo (Nm 14:9-10). Nosso medo de perder posição, de não sermos reconhecidos ou quando sentimos que nossa segurança está ameaçada, reagimos atacando o caráter de alguém. Quando os israelitas ficaram com medo dos cananeus, criticaram e espalharam palavras duras e informações falsas.

III. Conseqüências da Maledicência.

As fofocas, dificilmente, têm propósito construtivo, educativo ou mesmo, corretivo.

Há 3 conseqüências de imediato na vida de alguém que se envolve com a maledicência:

1) Prejudica nossa comunhão com Deus. (Tg 4:11,12; Sl 15:1-3).
A maledicência desqualifica-nos para a comunhão com Deus. Tiago nos ensina que aquele que se envolve com mexericos já está dando prova de que está alienado espiritualmente de Deus – “De uma só boca procede benção e maldição.... acaso, pode a fonte jorrar do mesmo lugar o que é doce e o que é amargo?”O escritor J. S. Baxter disse: “Uma das primeiras coisas que acontece quando alguém está realmente cheio do Espírito Santo não é falar em línguas, ma, sim, aprender a dominar a língua que já tem”

2) Prejudica a própria imagem. ( Pv 25:9-10). O mexeriqueiro, corre o risco de ser taxado de fofoqueiro para o resto da vida. A fofoca é como um bumerangue (Pv. 30:10); tentando prejudicar a imagem de alguém, prejudicamos a nossa própria imagem. A mesma língua ferina, que critica e envenena as ações de outras pessoas, poderá voltar-se contra si mesmo e deixá-lo em apuros como crítico contumaz e insensato. "A boca do tolo é a sua própria destruição, e seus lábios, um laço para a sua alma". (Pv. 18.7)

3) Prejudica nossa comunhão com as pessoas. (Pv 11:13; 20:19). As Escrituras nos ensinam que o mexeriqueiro não é digno de confiança, porque não sabe guardar um segredo.
A bíblia nos orienta a evitar uma pessoa fofoqueira – “O mexeriqueiro revela o segredo; portanto, não te metas com quem muito abre os lábios” (Pv 20:19). O mexeriqueiro acaba separando os melhores amigos (Pv. 16:28) – cria desconfiança, levanta suspeitas e nos leva a duvidar da lealdade daquele que é nosso amigo. “O amor cobre todas as transgressões... mas o que traz o assunto a baila, separa os maiores amigos” (Pv 10:12; 17:9)

Conclusão: A título de conclusão quero dar seis sugestões para se vencer a maledicência:

1) Se você deseja falar sobre o problema de um irmão, que seja com Deus. Leve o assunto em oração. I Pe 5:7.

2) Vá diretamente à pessoa acerca de quem você ouviu alguma coisa e procure ajudá-la (Gl 6:1; Mt 18:15) ou leve a informação aalguém que esteja em posição para ajudar (Mt 18:15-17; Rm 13:1-5).

3) Quando uma pessoa vier a você falando mal de outra, não demonstre aprovação para com o que está sendo dito nem incentive declarações adicionais sobre o assunto (I Ts 5:15; I Tm 5:22).

4) Quando se sentir tentado a expressar suas opiniões e versões publicamente, reflita e contenha o ímpeto de se expor desnecessariamente. “Se você pensar duas vezes antes de falar uma vez, falará duas vezes melhor” W.Penn
Charles Spurgeon orientava as pessoas a terem um ouvido surdo, e dizia: "Não dês o coração a todas as palavras ditas – não as leve ao coração ou não lhes dê importância, não atentes para elas, nem procedas como se as tivesse ouvido.

5) Você não pode deter a língua das pessoas; portanto, a melhor coisa é deter os seus próprios ouvidos, e não ligar para o que digam. (Lições aos meus alunos – pg. 174 – PES)

6) Apresente sua mente, coração e língua a Deus. Paulo nos ensina a dedicar todo nosso corpo ao Senhor, e a língua faz parte (Rm 12:1,2). Frank E. Gaebelein escreveu: “Controle da língua? Isso nunca será conseguido a não ser que, em primeiro lugar, haja o controle do coração e da mente”Que possamos orar como o salmista: "Põe, ó Senhor, uma guarda à minha boca; guarda a porta dos meus lábios". (Sl 141:3)
Rev. Gildásio J. B. dos Reis
Fonte: Blog Rev. Gildasio Reis.

Adversidades e o Livro de Jó


Na terra de Uz vivia um homem chamado Jó. Era homem íntegro e justo; temia a Deus e evitava fazer o mal (Jó 1.1).
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Devido à sua complexidade, Jó é um dos livros da Bíblia mais difíceis de entender.
Um homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desviava do mal, de repente tem seu caráter provado de uma forma até cruel aos nossos olhos.
Quando enfrentamos dificuldades, consideramo-nos como Jó e questionamos Deus: Por quê?
Para que? Será que mereço ser tão castigado? Buscamos ajuda dos amigos, ou os amigos nos procuram com a melhor das intenções para nos ajudar.
Quantas vezes não nos identificamos com Jó quando um amigo que parecia conhecer-nos tão profundamente expressa uma opinião totalmente oposta à nossa realidade.
Eu também não fico atrás e já agi como os amigos de Jó sem me colocar no lugar da pessoa. Simplesmente expressei o que eu achava e julguei mal a situação.
Tenta-se consertar, mas parece que fica pior.
O leitor deve se perguntar: como proceder diante de uma situação que foge totalmente ao nosso entendimento, em que queremos ajudar e não sabemos como?
Às vezes o silêncio, um abraço carinhoso, a frase “eu amo você em Jesus” valem mais do que inúmeras palavras vazias que são jogadas ao vento.
A Deus cabe a solução, a nós cabe a oração de súplica por misericórdia e graça. Essa talvez seja a menor das responsabilidades, porém não haverá nunca a culpa por falta de ação.
Podemos não entender, até mesmo não ajudar, porém interceder demonstra a nossa submissão àquilo que Deus permite que aconteça na nossa vida e na vida daqueles que nos cercam. Além de tudo podemos também ter a experiência da atuação de Deus sobre a situação, que muitas vezes difere dos nossos anseios.
O amor de Deus é maior que tudo – principalmente que a nossa visão e os nossos sentimentos.
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[Fonte: Pão Diário
Colaborou Michele Santos]

Deus, o Trabalho e a Prosperidade


A prosperidade financeira obedece a normas, regras e métodos estabelecidos. Por outro lado, da perspectiva bíblica, a prosperidade é um dom de Deus. É ele quem concede saúde, oportunidades, inteligência, e tudo o mais que é necessário para o sucesso financeiro. E isso, sem distinção de pessoas quanto ao que crêem e quanto ao que contribuem financeiramente para as comunidades às quais pertencem.

Deus faz com que a chuva caia e o sol nasça para todos, justos e injustos, crentes e descrentes, conforme Jesus ensinou (Mateus 5:45). Não é possível, de acordo com a tradição reformada, estabelecer uma relação constante de causa e efeito entre contribuições, pagamento de dízimos e ofertas e mesmo a religiosidade, com a prosperidade financeira.

Várias passagens da Bíblia ensinam os crentes a não terem inveja dos ímpios que prosperam, pois cedo ou tarde haverão de ser punidos por suas impiedades, aqui ou no mundo vindouro.
Através dos séculos, as religiões vêm pregando que existe uma relação entre Deus e a prosperidade material das pessoas.

No Antigo Oriente, as religiões consideradas pagãs estabeleceram milênios atrás um sistema de culto às suas divindades que se baseava nos ciclos das estações do ano, na busca do favor dessas divindades mediante sacrifícios de vários tipos e na manifestação da aceitação divina mediante as chuvas e as vitórias nas guerras. A prosperidade da nação e dos indivíduos era vista como favor dos deuses, favor esse que era obtido por meio dos sacrifícios, inclusive humanos, como os oferecidos ao deus Moloque.
No Egito antigo a divindade e poder de Faraó eram mensurados pelas cheias do Nilo. As religiões gregas, da mesma forma, associavam a prosperidade material ao favor dos deuses, embora estes fossem caprichosos e imprevisíveis. As oferendas e sacrifícios lhes eram oferecidas em templos espalhados pelas principais cidades espalhadas pela bacia do Mediterrâneo, onde também haviam templos erigidos ao imperador romano, cultuado como deus.A religião dos judeus no período antes de Cristo, baseada no Antigo Testamento, também incluía essa relação entre a ação divina e a prosperidade de Israel. Tal relação era entendida como um dos termos da aliança entre Deus e Abraão e sua descendência.

Na aliança, Deus prometia, entre outras coisas, abençoar a nação e seus indivíduos com colheitas abundantes, ausência de pragas, chuvas no tempo certo, saúde e vitória contra os inimigos. Essas coisas eram vistas como alguns dos sinais e evidências do favor de Deus e como testes da dependência dele. Todavia, elas eram condicionadas à obediência e só viriam caso Israel andasse nos seus mandamentos, preceitos, leis e estatutos.

Estes incluíam a entrega de sacrifícios de animais e ofertas de vários tipos, a fidelidade exclusiva a Deus como único Deus verdadeiro, uma vida moral de acordo com os padrões revelados e a prática do amor ao próximo. A falha em cumprir com os termos da aliança acarretava a suspensão dessas bênçãos.

Contudo, a inclusão na aliança, o favor de Deus e a concessão das bênçãos não eram vistos como meritórios, mas como favor gracioso de Deus que soberanamente havia escolhido Israel como seu povo especial.O Cristianismo, mesmo se entendendo como a extensão dessa aliança de Deus com Abraão, o pai da fé, deu outro enfoque ao papel da prosperidade na relação com Deus. Para os primeiros cristãos, a evidência do favor de Deus não eram necessariamente as bênçãos materiais, mas a capacidade de crer em Jesus de Nazaré como o Cristo, a mudança do coração e da vida, a certeza de que haviam sido perdoados de seus pecados, o privilégio de participar da Igreja e, acima de tudo, o dom do Espírito Santo, enviado pelo próprio Deus ao coração dos que criam.

A exultação com as realidades espirituais da nova era que raiou com a vinda de Cristo e a esperança apocalíptica do mundo vindouro fizeram recuar para os bastidores o foco na felicidade terrena temporal, trazida pelas riquezas e pela prosperidade, até porque o próprio Jesus era pobre, bem como os seus apóstolos e os primeiros cristãos, constituídos na maior parte de órfãos, viúvas, soldados, diaristas, pequenos comerciantes e lavradores. Havia exceções, mas poucas. Os primeiros cristãos, seguindo o ensino de Jesus, se viam como peregrinos e forasteiros nesse mundo. O foco era nos tesouros do céu.

A Idade Média viu a cristandade passar por uma mudança nesse ponto (e em muitos outros). A pobreza quase virou sacramento, ao se tornar um dos votos dos monges, apesar de Jesus Cristo e os apóstolos terem condenado o apego às riquezas e não as riquezas em si.

Ao mesmo tempo, e de maneira contraditória, a Igreja medieval passou a vender por dinheiro as indulgências, os famosos perdões emitidos pelo papa (como aqueles que fizeram voto de pobreza poderiam comprá-los?). Aquilo que Jesus e os apóstolos disseram que era um favor imerecido de Deus, fruto de sua graça, virou objeto de compra.

Milhares de pessoas compraram as indulgências, pensando garantir para si e para familiares mortos o perdão de Deus para pecados passados, presentes e futuros.

A Reforma protestante, nascida em reação à venda das indulgências, entre outras razões, reafirmou o ensino bíblico de que o homem nada tem e nada pode fazer para obter o favor de Deus. Ele soberana e graciosamente o concede ao pecador arrependido que crê em Jesus Cristo, e nele somente.
A justificação do pecador é pela fé, sem obras de justiça, afirmaram Lutero, Calvino, Zwinglio e todos os demais líderes da Reforma. Diante disso, resgatou-se o conceito de que o favor de Deus não se pode mensurar pelas dádivas terrenas, mas sim pelo dom do Espírito e pela fé salvadora, que eram dados somente aos eleitos de Deus. O trabalho, através do qual vem a prosperidade, passou a ser visto, particularmente nas obras de Calvino, como tendo caráter religioso.

Acabou-se a separação entre o sagrado e o profano que subjaz ao conceito de que Deus abençoa materialmente quem lhe agrada espiritualmente.

O calvinismo é, precisamente, a primeira ética cristã que deu ao trabalho um caráter religioso. Mais tarde, esse conceito foi mal compreendido por Max Weber, que traçou sua origem à doutrina da predestinação como entendida pelos puritanos do século XVIII. Weber defendeu que os calvinistas viam a prosperidade como prova da predestinação, de onde extraiu a famosa tese que o calvinismo é o pai do capitalismo.

As conclusões de Weber têm sido habilmente contestadas por estudiosos capazes, que gostariam que Weber tivesse estudado as obras de Calvino e não somente os escritos dos puritanos do séc. XVIII.Atualmente, em nosso país, a idéia de que Deus sempre abençoa materialmente aqueles que lhe agradam vem sendo levada adiante com vigor, não pelos calvinistas e reformados em geral, mas pelas igrejas evangélicas chamadas de neopentecostais, uma segunda geração do movimento pentecostal que chegou ao Brasil na década de 1900.

A mensagem dos pastores, bispos e “apóstolos” desse movimento é que a prosperidade financeira e a saúde são a vontade de Deus para todo aquele que for fiel e dedicado à Igreja e que sacrificar-se para dar dízimos e ofertas. Correspondentemente, os que são infiéis nos dízimos e ofertas são amaldiçoados com quebra financeira, doenças, problemas e tormentos da parte de demônios.

Na tentativa de obter esses dízimos e ofertas, os profetas da prosperidade promovem campanhas de arrecadação alimentadas por versículos bíblicos freqüentemente deslocados de seu contexto histórico e literário, prometendo prosperidade financeira aos dizimistas e ameaçando com os castigos divinos os que pouco ou nada contribuem.

O crescimento vertiginoso de igrejas neopentecostais que pregam a prosperidade só pode ser explicado pela idéia equivocada que o favor de Deus se mede e se compra pelo dinheiro, pelo gosto que os evangélicos no Brasil ainda têm por bispos e apóstolos, pela idéia nunca totalmente erradicada que pastores são mediadores entre Deus e os homens e pelo misticismo supersticioso da alma brasileira no apego a objetos considerados sagrados que podem abençoar as pessoas.

Quando vejo o retorno de grandes massas ditas evangélicas às práticas medievais de usar no culto a Deus objetos ungidos e consagrados, procurando para si bispos e apóstolos, imersas em práticas supersticiosas e procurando obter prosperidade material por meio de pagamento de dízimos e ofertas me pergunto se, ao final das contas, o neopentecostalismo brasileiro e sua teologia da prosperidade não são, na verdade, filhos da Igreja medieval, uma forma de neo-catolicismo tardio que surge e cresce em nosso país onde até os evangélicos têm alma medieval.
(Augustus Nicodemus Lopes)

Portanto, cuidado com os exploradores da fé - profetas do dinheiro.